Pra levar sem conta.

Há pessoas e pessoas, isso não é novidade. Tem aquelas que são especiais, sentando conosco para desfolhar a vida. Outras são mais reservadas, com um medo quase palpável de que entrem em seu mundo. Umas que estão ali para dar um puxão de orelha quando a nossa ficha não cai, e outras que estão perto justamente para segurar a barra quando caímos. Algumas são o nosso sonho mais bonito, outras tiram nosso sono, nossa roupa e nossa preocupação com a hora. Tem certas pessoas que nos fazem bem só de lembrar que elas existem e são reais, pintando felicidade que nos faz rir.

E tem aquelas que nos fazem chorar. Tem sim.

Umas nos ferem com despedidas sem razão, outras com palavras que magoam. Que veem nossa alegria e torcem o nariz em desafeto unilateral e fazem de tudo para ofuscar nossas esperanças. E para mim, essas nem são as melhores no que fazem, são amadoras da arte em ser do breu. Pra essas, jogo um beijo ao vento, distante e mortal. Não dou corda para suas peripécias, não sou papo, não dou importância. Para elas o eco da indiferença.

Há também aquelas que esperam o nosso pior, nossa versão mais genérica e mal feita, dotada de arestas de mau-caratismo. Esperam à espreita na janela da vida, aguardando um escorregão de nossa sensatez, dentro das circunstâncias que nos são impostas. Desejam que sejamos fracos em nossas escolhas e incapazes de chegar até onde nosso pulsar almeja. Querem que sejamos falidos emocionalmente e roem as unhas na expectativa de nossas lágrimas. Pra esses eu digo: chegou tarde!

Eu sou de mim, faço as coisas para me realizar e não uso desculpas quando tropeço no que acredito. Pedras fazem parte do caminho e tombos, da vida. Eu não quero plateia para vaiar em uníssono e não escondo meus defeitos dos outros, fugindo de minha verdade. Eu sou minha, e é por mim que tenho que lutar, sempre! Independente do que os outros pensam, falam e sussurram para terceiros. E que venham quartos, quintos e oitavos a esperar meu fracasso! A onomatopeia do espanto a meu ver de pé é música aos meus ouvidos.

A eles, a minha felicidade em amar as coisas simples.

A eles, o meu talento, a minha ginga, o meu sincronismo com as coisas boas da vida.

A eles, a alegria de acordar e ver o amor brotar pelos poros e pelos quatro cantos do universo.

A eles a certeza que não sou perfeita, mas sou real, mesmo sendo como eu sou.

Clarice dizia que algumas pessoas deviam calçar seus sapatos e percorrer o mesmo caminho que ela, antes de julgá-la. Pra mim, o óbvio: sigam o mesmo caminho que trilhei com seus próprios sapatos e me veja lá na frente!

Publicado por Aryane

Uma escritora, pegando carona na vida.

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